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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Shakespeare


Teve uma época que chegaram a duvidar de sua existência. Tantas obras tão geniais dificilmente poderiam ter sido escritas por um único homem. Mas foram. E o fato é que William Shakespeare é o mais importante dramaturgo de todos os tempos e um dos mais brilhantes artistas da história. Suas peças teatrais escritas há cerca de quatro séculos provavelmente são as mais encenadas em todo o planeta. Além disso, suas tramas e personagens têm inspirado inúmeras produções cinematográficas, literárias, televisivas, além de estudos nos mais variados campos, da filosofia à psicologia. Conforme profetizou um poeta contemporâneo a ele, Shakespeare não era o artista para uma era, mas sim para a eternidade.Este é o início da minha postagem.
O Mercador De Veneza
Trata-se de uma das obras mais polêmicas do célebre dramaturgo inglês. Escrito no findar dos anos 1500, época em que os judeus estiveram ausentes da Inglaterra (foram expulsos em 1290, e só seriam novamente aceitos em 1655), capta as chocantes caricaturas feitas pelos ingleses. Em O Mercador de Veneza, o personagem que mais chama a atenção não é o mocinho, e sim o vilão, criado para dar um tom cômico à peça. Trata-se do agiota e judeu _ daí a polêmica _ Shylock, retratado como indivíduo desprezível. A vítima, o cristão Antônio, cidadão bem sucedido de Veneza, faz um contrato atípico com o agiota, penhorando 453 gramas de sua própria carne.





Realmente a importância e a influência de sua obra dramática e poética extrapolou seu tempo. Em uma pesquisa feita em 2009, pelo jornal Daily Telegraph no Reino Unido, sobre qual personalidade as pessoas gostariam de ressuscitar, o dramaturgo aparece em terceiro lugar, atrás apenas de Jesus Cristo e da princesa Diana, e à frente de ícones do século 20 como Albert Einstein e Elvis Presley. Nada mal para alguém que viveu há séculos e não tem nenhum milagre ou escândalo amoroso em seu currículo. O mais incrível é que esse homem que se tornaria o mais importante autor da língua inglesa era filho de pais analfabetos e nunca frequentou uma universidade.Segundo Harold Bloom, um dos mais respeitados críticos literários dos nossos tempos, ao ler e assistir às peças de Shakespeare é possível concluir que ele não apreciava advogados, gostava mais de beber do que de comer e era lascivo em relação aos dois sexos. Além das mudanças estruturais que introduziu na dramaturgia, que permanecia praticamente imutável desde o seu nascimento na Grécia antiga, um dos grandes méritos de Shakespeare foi o de compreender como poucos a alma humana. Amor, loucura, poder e vários temas filosóficos foram abordados em sua obra com uma profundidade poucas vezes vista. Sua dramaturgia influenciou ou mereceu o comentário dos mais brilhantes pensadores e artistas do planeta desde a Renascença até a contemporaneidade. Entre eles estão Nietzsche, Goethe, Descartes, Voltaire, Jean-Paul Sartre, Freud, Schopenhauer, Hegel, Kierkegaard, Ortega y Gasset, Oscar Wilde, Wittgenstein, Machado de Assis e Jorge Luis Borges. Provavelmente, nenhum outro autor tenha tido influência tão ampla e por tanto tempo.William Shakespeare escreveu 38 peças teatrais, além de alguns poemas de teor erótico e cerca de 150 sonetos dedicados a um “belo jovem” e a uma “dama morena”, entre 1589 e 1616. E este é o restante dela.
A vida de William ShakespeareWilliam
Shakespeare nasceu provavelmente em 23 de abril de 1564 na cidadezinha de Stratford-upon-Avon (Inglaterra), localizada a 160 km de Londres. A data de seu batismo na igreja local é de três dias depois. Seu pai era um artesão que teve altos e baixos nos vários negócios em que se envolveu, mas que chegou a ser prefeito em Stratford. Já sua mãe descendia de uma tradicional família que tinha lhe deixado como herança algumas propriedades. Na infância, Shakespeare foi educado na boa escola local, que era sustentada pela comunidade. Sua primeira formação se deu basicamente a partir da leitura dos clássicos, como Sêneca, Plauto e Cícero, e do estudo do latim.
Shakespeare não foi para a universidade e casou-se aos 18 anos com Anne Hathaway, uma mulher oito anos mais velha. Seis meses após o casamento, nasceu o primeiro dos três rebentos do casal: Susanna. Esse fato leva alguns biógrafos do bardo a pensarem que seu casamento com Anne se deu em função de uma gravidez não planejada por eles. Cerca de dois anos depois, em 1585, nasceram os gêmeos Hamnet e Judith. Como muito do que se conhece sobre Shakespeare é baseado na documentação da época, como os registros na igreja, nos órgãos públicos e nos teatros, e nos escritos de seus contemporâneos, pouco se sabe sobre os oito anos seguintes ao nascimento dos gêmeos. Apesar de especulações de que ele tenha sido um professor em escolas do interior da Inglaterra, desconhece-se com certeza o que ele fez para sustentar a sua família nesse período.Em algum momento entre 1585 e 1594, Shakespeare mudou-se sozinho para Londres para trabalhar como ator teatral e dramaturgo.Não se sabe a razão de Shakespeare não ter levado sua família junto. Há dúvidas inclusive se ele esteve presente ou não quando Hannet, seu único filho homem, morreu aos 11 anos de idade em Stratford-upon-Avon.
Em relação a sua carreira o que se tem certeza é que em 1594 Shakespeare associou-se a uma das mais famosas companhias teatrais de Londres, a Lord’s Chamberlain Men. Mas pode ser que sua atividade teatral tenha começado antes disso. Há inclusive menção sarcástica a ele em um livreto publicado dois anos antes e escrito por Robert Greene, um dos mais populares escritores ingleses da época.Shakespeare passaria as duas próximas décadas vivendo em Londres longe de sua família, que ele visitava em ocasionais viagens a Stratford. Nesse período, com o dinheiro que ganhou no teatro, ele conseguiu adquirir algumas propriedades na capital britânica e em sua cidade natal. Apesar da ficção romântica que se vê no filme “Shakespeare Apaixonado”, há poucas evidências fidedignas da vida íntima do dramaturgo em Londres. Os casos e aventuras boêmias de Shakespeare na cidade podem ter inspirados trechos autobiográficos de seus poemas e até de suas peças, mas isso não passa de especulação. A Lord’s Chamberlain Man transformou-se em 1603 na King’s Men, por ocasião da ascensão de Jaime 1.º ao trono da Inglaterra. A companhia teatral contava com o melhor ator dos palcos ingleses, Richard Burbage, e desde 1599 tinha também o melhor teatro, o Globe. Com a associação de Shakespeare, eles passaram a ter também o melhor dramaturgo. Com tudo isso, era natural que a King’s Men prosperasse e trouxesse prosperidade aos seus integrantes. Shakespeare escrevia em média duas peças por ano. Infelizmente nenhuma carta escrita por Shakespeare sobreviveu aos tempos e apenas uma inoportuna carta lhe pedindo dinheiro, enviada a ele pelo futuro sogro de sua filha Judith, encontra-se preservada nos arquivos de sua cidade natal. O testamento de Shakespeare é outro importante documento que sobreviveu. Pela aparência da assinatura presente nele, Shakespeare provavelmente já estava doente. Ele deve ter deixado Londres e voltado a sua cidade natal por insistência da família em abril de 1614. Com 50 anos de idade, sua saúde já estava um tanto combalida. O dramaturgo morreu em 23 de abril de 1616, exatamente 52 anos após seu nascimento.
A obra dramática de William Shakespeare
Shakespeare chegou a Londres provavelmente no final dos anos 1580. A partir daí sua produção dramatúrgica foi intensa. “Tito Adronico” e “Henrique 6.º” foram possivelmente suas primeiras peças teatrais, escrita entre 1589 e 1592. Já uma das mais importantes dramaturgias produzidas por ele nesses primeiros anos foi “Ricardo 3.º”, que trata do fim das Guerras das Rosas que aconteceram na Inglaterra na segunda metade do século 15. Apesar da inspiração histórica, o dramaturgo não teve compromissos com a exatidão de datas, fatos e dos papéis dos personagens que retratou, afinal ele escrevia peças ficcionais e não relatos históricos. Os primeiros anos trazem Shakespeare enfatizando os papéis de heróis e vilões em suas peças.
Uma de suas mais inspiradas comédias dessa fase inicial de sua dramaturgia (1589-1594) é “A comédia dos erros”. A peça mostra a história de Antipholus procurando por seu irmão gêmeo. Em sua busca ele leva o esperto servo Dromio, que por coincidência tem também um irmão gêmeo desaparecido. Uma série de confusões de identidade é brilhantemente explorada e um debate entre duas jovens mulheres – Adriana, esposa de Antipholus, e sua irmã Luciana – introduz discussões sobre obediência, autonomia e a condição feminina. Já a tragédia “Romeu e Julieta”, escrita entre 1594 e 1596, é, sem dúvida, uma das mais famosas e populares peças de Shakespeare. Uma prova da perfeição a qual o dramaturgo levou o teatro Elizabetano. Shakespeare se inspirou no longo poema “The Tragicall Historye of Romeus and Juliet” (1562), do poeta inglês Arthur Brooke, que por sua vez se baseou num conto do italiano Matteo Bandell. A versão shakesperiana de “Romeu e Julieta” tem inspirado obras na literatura, na dança, na música, no teatro e no cinema. A história de final trágico dos jovens apaixonados, cujas famílias são inimigas implacáveis, tornou-se simbólica do amor romântico na imaginação popular em todo o planeta.
Entre as principais tragédias escritas por Shakespeare estão “Hamlet”, “Otelo” e “Macbeth”. Todas foram produzidas no período que vai de 1601 a 1608, a fase mais produtiva artisticamente e mais próspera economicamente para o dramaturgo. A história do lendário príncipe dinamarquês contada por Shakespeare mostra o atormentado Hamlet lamentando a morte do pai e alucinado pelo fantasma paterno que clama por vingança. Revoltado com o casamento da mãe com o seu tio Cláudio, que se apoderou do trono, Hamlet trama uma vingança. Em “Otelo”, o ciúme e a culpa são tratados de forma profunda por meio da história do general mouro negro que serve ao reino de Veneza. Instigado por seu subalterno Iago, ele enlouquece de ciúme por sua mulher Desdêmona e a acaba matando. Iago não demonstra nem um pingo de arrependimento pelo que causou. Em “Macbeth”, a ambição cega provoca a ascensão e queda do nobre Macbeth na Escócia. Tragédia sobre a consciência humana, a peça parte de uma profecia feita por bruxas de que Macbeth se tornará o rei da Escócia. Isso o leva a cometer uma série de assassinatos para obter o que deseja.
Nos seus últimos anos de vida, no período que vai de 1609 a 1616, Shakespeare escreveu peças cômicas e históricas. Um dos destaques dessa fase é a peça “A tempestade”, encenada pela primeira vez em 1611. Conspirações, amor e vingança se misturam nessa montagem que tem como cenário principal uma ilha encantada governada pelo mágico Próspero. “A Tempestade” é provavelmente a mais original peça de Shakespeare, tanto em seu tema como na sua forma, linguagem e estrutura.William Shakespeare escreveu 38 peças teatrais entre 1589 e 1616. A maior parte delas verdadeiras obras-primas que por séculos têm influenciado de escritores a filósofos e, principalmente, tocado profundamente na alma de todos que vão aos teatros ao redor do mundo para assisti-las.

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