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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Carro Quadriflex

Energia para criar - Projetos de cientista brasileiro
Em 2001, o Brasil enfrentou a maior crise energética da história, com racionamento e risco de apagão. Foi quando o engenheiro Fernando Ximenes percebeu que havia algo errado no sistema de energia do país. Por que ficar refém das termelétricas se há formas de energia alternativas? Veio a luz: depois de anos de pesquisas, ele criou o primeiro poste de iluminação pública 100% alimentado por fontes alternativas.
Chamado de Produtor Independente de Energia (PIE), o poste híbrido, lançado em 2008 pela Gram-Eollic — empresa de Ximenes que trabalha no ramo da energia eólica desde 1989 —, produz a própria energia e tem no topo, a 12 metros de altura, um “avião” de três metros de largura. De fibra de carbono e alumínio, as “asas” são revestidas de células fotovoltaicas que captam luz solar e a transformam em eletricidade. A frente do aparelho é dotada de uma hélice que giram com o vento, gerando energia eólica, também convertida em elétrica.
A energia é transmitida para uma bateria, abaixo do avião, com capacidade de armazenamento de até 70 horas, o bastante para manter acesa uma lâmpada por seis ou sete dias. “Cada poste é capaz de abastecer outros três”, explica. Segundo Ximenes, o dispositivo poderia iluminar ruas e estradas hoje no escuro — só 4% do consumo energético brasileiro corresponde à iluminação pública. 
Para comprovar os benefícios do invento, ele convenceu em 2010 o governo do Ceará, seu estado natal, a testar os postes no Palácio Iracema, sede do Executivo. Agora negocia levá-los ao Chile, Alemanha e China. Até o final do ano, os postes-avião devem iluminar três quilômetros de vias da cidade de Paracuru, litoral do Ceará.
O interesse pela ciência vem da infância. Criança, desmontava carrinhos de brinquedo para remontá-los do jeito que achava melhor. Também insistia para a mãe deixá-lo derreter chumbo nas panelas da cozinha e fabricar bonecos e, aos 8 anos, após ganhar um aquário, passou a desenvolver comidas e rações para os peixes. Também desenhou e construiu novos aquários que oxigenavam melhor a água.
“Na adolescência, tive um kart de corrida que eu desmontava, regulava freios. Depois mexia também no motor e no carburador do carro do meu pai. Quando passei no vestibular, ganhei um Fusca que todos os fins de semana desmontava na garagem.”
A afinidade com carros e a busca por fontes alternativas se juntaram no protótipo do primeiro carro a usar quatro formas de energia simultâneas: combustão de álcool e de gasolina, energia solar e energia eólica. O veículo quadriflex, de 2010, é um Fiat Uno adaptado a um custo médio de R$ 8 mil.
O carro funciona com um motor comum, impulsionado por etanol e gasolina. As energias alternativas — geradas através de uma placa fotovoltaica no teto e hélices na parte da frente — alimentam o ar-condicionado e a bateria, já que o automóvel não possui alternador, reduzindo o consumo de combustível. Ximenes agora trabalha para tornar o carro autossustentável, tendo a combustão apenas como reforço. “A economia de combustível pode chegar a 40%.”
Ele diz já ter tentado convencer montadoras sobre as adaptações. No entanto, nas reuniões com empresários americanos não houve acordo.
Sob risco de uma nova crise energética no país, ele defende o investimento na produção de outras formas de energia além da hidrelétrica, termelétrica e nuclear, que dominam o sistema elétrico nacional. “Precisamos buscar mais autonomia e não depender dos sistemas dos quais estamos reféns e que prejudicam tanto o nosso ambiente”, afirma. “O vento e o sol são energias primárias, limpas e bastante vastas.”
“Ele é um daqueles malucos que ajudam a inovação a caminhar”, descreve Adão Linhares Muniz, presidente da Câmara Setorial de Energia Eólica do Ceará, na qual tem Ximenes como colega. “Mas, na ânsia de fazer, muitas vezes deixa de lado o respaldo científico para validar aquilo que faz. Sem validação não adianta a inovação”, avalia.
De fato, não há estudos acadêmicos mensurando os resultados sobre os inventos. Mesmo assim Ximenes acredita que o tempo comprovará sua importância. “Quero poder deixar um legado para as próximas gerações, nem que seja um mundo um pouco melhor e mais confortável.”
É a filosofia por trás de outros projetos de Fernando Ximenes, como os painéis no Hospital da Mulher de Fortaleza, o primeiro a ser alimentado com energia solar. “A gente não pode aceitar sempre que as coisas sejam como são”, defende. É daí que ele tira tanta energia.
FONTE: REVISTA GALILEU

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